Publico aqui uma carta que recebi do meu primo, há uns tempos. Eu também sempre fui, como ele, pró-anti-materialista-comuno-fascista-eco-alternativa-ét(n)ico-franciscana. Por isso, votaria nele como "melhor português" e dava-lhe uma marretada se ele se atrevesse a não votar em mim como "melhor portuguesa"!
S
Cada cabeça...
Ou como dizia Vasco Santana no Pátio das Cantigas: "Outros tempos, Dona Rosa, outros tempos..."
Sabes qual é a merda, prima São?
É que eu sou pela liberdade. Eu acho um vómito tirarem-no-la, quer pela censura, quer pela cadeia, quer pelo medo. Amar, acima de tudo a liberdade, dizia Beethoven.
Dei-me muito mal na tropa. Era o irreverente que nem para os sargentos olhava. Sempre procurei fugir da estupidez com quanto pés tinha (e pena só ter dois) e acho que o regime antes do 25 de Abril era estúpido. Demasiado estúpido.
Mas explico-te agora a merda. A merda, minha pelo menos, é que sempre me fascinou a pobreza. Vai lá tu explicar isto aos olhos de qualquer iluminismo.
Sempre me aborreceu a fartura, sempre detestei casas grandes, sempre me chatearam carros novos e caros. Quando na primária o meu pai me dava uma Parker, eu queria uma BIC. Quando me davam 24 lápis-de-côr Faber, eu queria os da drogaria que custavam 10 vezes menos. Quando a malta ia jantar ao restaurantes da moda eu esforçava-me para não fugir e entrar na tasca.
Isto também é uma forma de vida, ou, pelo menos, de ver a vida, ou de vivê-la.
Eu admiro e acho louvável a Dona Maria do Salazar criar galinhas em São Bento. Quando Guterres saiu, encontraram-se facturas de 200 Kg de fiambre. Salazar só tinha a electricidade paga pelo estado. Todas as despesas do palácio eram pagas por ele.
Nas férias mandava alguém ir a Cascais saber os preços que se praticavam nesse ano no aluguer de casas para não ter de pagar muito menos, nem muito mais.
Não consta que tivesse construído qualquer palacete no ALLgarve, ou que fosse para as ilhas do Pacífico de férias. Ia algumas vezes para sua modesta casa em Santa, onde bebia o próprio vinho, comia as batatas da "sua" terra.
Salazar teve um educação cristã e eu acredito que a tivesse levado a sério.
Contra ele tenho a ideia do estado português. Detesto estado. Detesto governantes. Nunca fui, nem sou patriótico. Tenho a certeza que se tivesse vivido no seu tempo, teria sido preso pela escumalha de nojentos que eram a PIDE.
O elogio a Cunhal vem exactamente pelo mesmo motivo: determinação, luta por ideais e total desprezo pelo dinheiro. Também o admiro a ele. Também contra ele lutaria se fosse ele o chefe de estado.
Dêem-me liberdade. Mas também estes não dão. Querem-me multar porque não tenho o colete reflector no carro (essa ridicularidade com que nos vestem quando temos que sair do automóvel, até em pleno dia, até em plena Avenida da Liberdade). Inventam-me multas nas Finanças e ainda me ameaçam com penhoras. Não me querem deixar usar colher de pau, ao abrigo dos anormais de Bruxelas. Não me querem deixar comer chouriço do fumeiro, ao abrigo de qualquer outra lei. Não posso fazer isto, nem aquilo, nem o outro, sem que me peçam dinheiro ao abrigo de uma qualquer lei, feita e aprovada por eles, para depois virem dar 2.4 milhões de euros de indemnização ao Horta e Costa, e muitos mais milhões se seguirão a muitos outros seguidores.
Pela política, tanto cago nuns, como cago nos outros.
O Salazar não queria oposição. Estes não se importam, desde que lhes paguemos.
A biologia é a justiça suprema. Felizmente nessa ninguém manda. Estou quase a agradecer a Deus por ela.
E como cantava a eterna Amália: Não é desgraça ser pobre. ....... eu até gosto. :-))
Beijos da amizade que paira acima dos estados e das fronteiras. E se um dia me quiserem pôr numa cela, ponham-me (mas deixem-me levar a Playboy).
Sempre teu primo
Ou como dizia Vasco Santana no Pátio das Cantigas: "Outros tempos, Dona Rosa, outros tempos..."
Sabes qual é a merda, prima São?
É que eu sou pela liberdade. Eu acho um vómito tirarem-no-la, quer pela censura, quer pela cadeia, quer pelo medo. Amar, acima de tudo a liberdade, dizia Beethoven.
Dei-me muito mal na tropa. Era o irreverente que nem para os sargentos olhava. Sempre procurei fugir da estupidez com quanto pés tinha (e pena só ter dois) e acho que o regime antes do 25 de Abril era estúpido. Demasiado estúpido.
Mas explico-te agora a merda. A merda, minha pelo menos, é que sempre me fascinou a pobreza. Vai lá tu explicar isto aos olhos de qualquer iluminismo.
Sempre me aborreceu a fartura, sempre detestei casas grandes, sempre me chatearam carros novos e caros. Quando na primária o meu pai me dava uma Parker, eu queria uma BIC. Quando me davam 24 lápis-de-côr Faber, eu queria os da drogaria que custavam 10 vezes menos. Quando a malta ia jantar ao restaurantes da moda eu esforçava-me para não fugir e entrar na tasca.
Isto também é uma forma de vida, ou, pelo menos, de ver a vida, ou de vivê-la.
Eu admiro e acho louvável a Dona Maria do Salazar criar galinhas em São Bento. Quando Guterres saiu, encontraram-se facturas de 200 Kg de fiambre. Salazar só tinha a electricidade paga pelo estado. Todas as despesas do palácio eram pagas por ele.
Nas férias mandava alguém ir a Cascais saber os preços que se praticavam nesse ano no aluguer de casas para não ter de pagar muito menos, nem muito mais.
Não consta que tivesse construído qualquer palacete no ALLgarve, ou que fosse para as ilhas do Pacífico de férias. Ia algumas vezes para sua modesta casa em Santa, onde bebia o próprio vinho, comia as batatas da "sua" terra.
Salazar teve um educação cristã e eu acredito que a tivesse levado a sério.
Contra ele tenho a ideia do estado português. Detesto estado. Detesto governantes. Nunca fui, nem sou patriótico. Tenho a certeza que se tivesse vivido no seu tempo, teria sido preso pela escumalha de nojentos que eram a PIDE.
O elogio a Cunhal vem exactamente pelo mesmo motivo: determinação, luta por ideais e total desprezo pelo dinheiro. Também o admiro a ele. Também contra ele lutaria se fosse ele o chefe de estado.
Dêem-me liberdade. Mas também estes não dão. Querem-me multar porque não tenho o colete reflector no carro (essa ridicularidade com que nos vestem quando temos que sair do automóvel, até em pleno dia, até em plena Avenida da Liberdade). Inventam-me multas nas Finanças e ainda me ameaçam com penhoras. Não me querem deixar usar colher de pau, ao abrigo dos anormais de Bruxelas. Não me querem deixar comer chouriço do fumeiro, ao abrigo de qualquer outra lei. Não posso fazer isto, nem aquilo, nem o outro, sem que me peçam dinheiro ao abrigo de uma qualquer lei, feita e aprovada por eles, para depois virem dar 2.4 milhões de euros de indemnização ao Horta e Costa, e muitos mais milhões se seguirão a muitos outros seguidores.
Pela política, tanto cago nuns, como cago nos outros.
O Salazar não queria oposição. Estes não se importam, desde que lhes paguemos.
A biologia é a justiça suprema. Felizmente nessa ninguém manda. Estou quase a agradecer a Deus por ela.
E como cantava a eterna Amália: Não é desgraça ser pobre. ....... eu até gosto. :-))
Beijos da amizade que paira acima dos estados e das fronteiras. E se um dia me quiserem pôr numa cela, ponham-me (mas deixem-me levar a Playboy).
Sempre teu primo
2 comentários:
E tu acreditas? Uma carta destas a público sem pagar direitos de autor? Tenho já um advogado a tratar da indemnização. Vou-te sacar 100.000 euros. Mas por seres a melhor portuguesa (sem pestanejar) e por eu ser fascinado pela pobreza, ficarei contente com 80.000 ;-)) Abençoada sejas São Veiga
Pobrete mas alegrete...
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