quinta-feira, 30 de novembro de 2006

QUENTES E BOAS

Acho que pelo menos uma vez por ano devemos parar junto a um vendedor de castanhas, sentir aquele aroma característico, parar um pouco de uma correria qualquer, e pedir uma dose, um pacotinho artesanal de páginas amarelas elaborado. Antes de começar a descascá-las, convém sentir o calor entre as mãos, depois parar num parque já com as cores do Outono e saborear. São mesmo caras, as castanhas, mas uma vez por ano vale a pena o esforço.
É como comer qualquer tipo de fruta, se enchermos a barriga de uma variedade qualquer, mas que seja mesmo boa, ficamos com uma satisfação que dá para o ano todo. Ainda se pode comer outra vez, mas aquela barrigada é a que vai durar mais de 300 dias na memória.

Uma coisa eu faço sempre, passear num azinhal e ir provando as bolotas. Não é lá grande fruto, mas de vez em quando lá sai uma boazinha, e sabe tão bem.

Deus tenha piedade daqueles que só comem fruta de hipermercado...

JP+P

terça-feira, 28 de novembro de 2006

MARCAR A AGENDA

Pois quem viu a espécie de magazine ficou mais uma vez bem impressionado. Não é que aquela equipa descobriu que agora marca a agenda do que está para acontecer? Eles mostraram a foto daquele estudante com o cartaz : "queremos coisas tipo boas", quando eles próprios tinham inventado uma manif com um cartaz idêntico: "keremos cenas tipo boas".
Mas no Domingo inventaram uma cena sobre aquela cretinice de espécie de programa da TVI (que depois dos Dizârte inventaram outro fenómeno idiotizante que nos vai aturdir: os Forteiste), o Canta por Mim, em que a familia de um desgraçadinho estava à porta da TVI a protestar e a ameaçar por considerarem injusta uma escolha de outro desgraçadinho para passar à final dos desgraçadinhos, e logo a seguir (sim, eu confesso que estive a ver a TVI, mas foi só para me deleitar com a Maria João) a Júlia Pinheiro, ao falar com uma desgraçadinha, refere, em jeito de graçola, que se o resultado não for bom para esta, os seus pais já estão preparados para vir a Lisboa armados com cacetes, etc. Os gato fedorento, uma vez mais, a marcarem a actualidade!!!

sábado, 25 de novembro de 2006

E eu trago L.F.V. (vivam os cronistas brasileiros)

Simplicidade
Cada semana, uma novidade. A última, foi que pizza previne câncer do esôfago. Acho a maior graça. Tomate previne isso, cebola previne aquilo, chocolate faz bem, chocolate faz mal, um cálice diário de vinho não tem problema, qualquer gole de álcool é nocivo, tome água em abundância, mas, peraí, não exagere...
Diante desta profusão de descobertas, acho mais seguro não mudar de hábitos.
Sei direitinho o que faz bem e o que faz mal prá minha saúde.
Prazer faz muito bem. Dormir me deixa 0 km. Ler um bom livro, faz-me sentir novo em folha.
Viajar me deixa tenso antes de embarcar, mas, depois, rejuvenesço uns cinco anos! Viagens aéreas não me incham as pernas; incham-me o cérebro, volto cheio de idéias!
Brigar, me provoca arritmia cardíaca. Ver pessoas tendo acessos de estupidez, me embrulha o estômago!
Testemunhar gente jogando lata de cerveja pela janela do carro, me faz perder toda a fé no ser humano...
E telejornais... Os médicos deveriam proibir... como doem!
Caminhar faz bem, namorar faz bem, dançar faz bem, ficar em silêncio quando uma discussão está pegando fogo faz muito bem: você exercita o autocontrole e ainda acorda no outro dia sem se sentir arrependido de nada.
Acordar de manhã, arrependido do que disse ou do que fez ontem à noite, isso sim, é prejudicial à saúde.
E passar o resto do dia sem coragem para pedir desculpas, pior ainda.
Não pedir perdão pelas nossas mancadas, dá câncer, guardar mágoas, ser pessimista, preconceituoso ou falso moralista, não há tomate ou mozzarela que previna!
Ir ao cinema, conseguir um lugar central nas fileiras do fundo, não ter ninguém atrapalhando sua visão, nenhum celular tocando e o filme ser espetacular, uau!
Cinema é melhor prá saúde do que pipoca.
Conversa é melhor do que piada.
Exercício é melhor do que cirurgia.
Humor é melhor do que rancor.
Amigos são melhores do que gente influente.
Economia é melhor do que dívida.
Pergunta é melhor do que dúvida.
Sonhar é o melhor de tudo e muito melhor do que nada!
Luís Fernando Veríssimo

S

sexta-feira, 24 de novembro de 2006

mas eu gosto dela mesmo assim...

A protecção civil avisa que perante uma frente fria devemo-nos agasalhar. Que perante chuva forte e rajadas de vento, devemos fechar portas e janelas.
E eu que nunca tinha pensado nisso...
Que seria da nossa vida sem os conselhos da protecção civil?
Serão patetas ao ponto de se acharem,de facto, importantes e de grande ajuda na vida de alguém?
Só por isso, e só mesmo por isso, valia a pena ser militar. Supondo que não existe uma protecção militar, claro está. A haver uma, imagino que conselhos daria...

made in eu

quinta-feira, 23 de novembro de 2006

Ivan Lessa

Sempre que puder tentarei trazer para aqui Ivan Lessa. Vale a pena, eu acho.


Ivan Lessa: Ao vencedor, as trufas!

Eu ando falando, ou escrevendo, um pouco demais sobre os prazeres da mesa. Sobre comida, sobre bebida.
Outro dia, aqui mesmo, neste espaço, estava eu às voltas com água de coco, derramando um copázio ou copão cheio bem em cima do colo do leitor, que nada tem a ver com minhas comilanças ou bebericagens.
Pois, chato que sou, continuo sentadão aqui esperando que me sirvam. Ou que pelo menos me tragam a nota.
Tenho também passado por uma fase confessional. Junto a fome com a vontade de abrir o jogo e vou logo me sentando à mesa.
Eu nunca comi trufa. Aquele bombom, sim. Agora, trufa mesmo, daquelas sérias, para valer, nunca. Nem sei de que se trata.
Sei que, como o caviar, trata-se de algo requintadíssimo, coisa de rico, ou riquérrimo, e só pode ser uma delícia. Caviar, eu já provei. Muito. Adoro, inclusive.
Mesmo não sendo Beluga ou Seruga, tidas como os tipos mais saborosos, mas achei bom demais no biscoitinho salgado e acabou-se o que não era nada doce.
Lembro que parecia, o caviar, ova de peixe metida a besta, mas eu achei sensacional.
Como dizem os pobres e perdedores, um dia minha sorte vai mudar, ficarei rico e, então, vai ser Beluga e Seruga dia sim, dia não.
Uma explicação: a rigor os dois tipos de caviar dispensam as maiúsculas. Mas tudo que eu prezo na vida vem em letras maiúsculas. Inclusive o Aforismo. Mesmo caindo aos pedaços, mas Aforismo, conquanto que seja meu.
À mesa como convém
Deu nos jornais e espero que não tenha passado despercebido aí: foi encontrada a maior trufa branca da história. Daquelas de pegar o Livro Guinness de Recordes: 1 quilo e 500 gramas.
A primeirona, antes dessa, pesava apenas 1 quilo e 200 gramas. Esses 300 gramas é que fizeram toda a diferença do mundo.
Isso porque um magnata comprou o raio da gordota trufona pelo módico preço (para magnatas) de perto de 170 mil dólares. A trufa em questão, a biguana, era de origem italiana.
O magnata que agora é o feliz possuidor da maior trufa branca do mundo tem nacionalidade japonesa e prefere quedar no anonimato, pois aos magnatas não é dado “ficar” mas sim “quedar”.
Nosso amigo, e das grandes trufas, venceu franceses e italianos no leilão gastronômico.
Curioso. Não tinha nenhum gastrônomo americano na jogada. Manjo. Eles preferem se guardar para telas renascentistas ou impressionistas.
Parece que um Van Eyk ou um Manet vão que é uma beleza com um bom bife mal passado a cavalo.
Heróis desconhecidos
Nem eu e certamente nem você que me lê, amigo leitor, já provamos trufa.
Sabemos, pois vimos foto, ou desenho, das raridades, mesmo que em tamanho médio ou pequeno, que as bichinhas são danadas de feias.
A natureza primeiro esconde e depois compensa. Sim, pois as trufas, esses tubérculos fungosos, são dificílimas de se achar.
Crescem à beira de árvores, próximas às suas raízes e, não bastasse essa peça da natureza, quem melhor as fareja são porcos e cães. Não comem, mas farejam que é uma beleza.
Como os cães delatam latindo com fúria para cima do malfeitor, nas aduanas da vida, portando drogas ou bombas. Como os porcos… bem, os porcos sendo porcos.
Comida de porco e cachorro, portanto. Mas que encanta, dizem, pratos de massa, omeletes e risotos.
Seu aroma picante e delicado compensa tudo, afirmam os entendidos. A trufa é conhecida como “o diamante da cozinha”.
Tudo bem. Eles lá, com elas, eu cá. Prefiro sal grosso e pimenta malagueta apenas. Temperos básicos que não violentam a natureza contemplativa de nossos irmãos irracionais.

sábado, 18 de novembro de 2006

DESLIALDADE E PRETENÇÃO

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Já aqui se falou da tristeza cultural das nossas TVs, mas ontem à noite na TVI quiseram concorrer com as gargalhadas dos espectadores da espécie de magazine, na RTP1, e no Jornal das 20 horas legendaram umas declarações telefónicas do Carlos Queirós, para darem seguimento a uma polémica inventada no mundo do futebol (que vive de polémicas inventadas para distrair as pessoas dos escândalos sucessivos e permanentes). E nessa mesma legendagem, em pouco mais de 30 segundos, escreveram DESL I ALDADE e PRETEN Ç ÃO. Foi de chorar, tão estúpidos e tão bem pagos, com tanta gente no desemprego que poderia fazer a correcção antes de emitirem para todo o País. Claro está que este canal é dedicado às pessoas que vêem telenovelas, pessoas pouco exigentes, quem me manda a mim ter a TV ligada naquele canal?

JP+P

sexta-feira, 17 de novembro de 2006

qual a melhor cona, ó Catano!

é que detesto ideias conservadoras e concursos nacionais
S

quarta-feira, 15 de novembro de 2006

e ponto final


«Devo à Providência a graça de ser pobre; sem bens que valham, por muito pouco estou preso à roda da fortuna, nem falta me fizeram nunca lugares rendosos, riquezas, sustentações. E para ganhar, na modéstia a que me habituei e em que posso viver, o pão de cada dia, não tenho de enredar-me na trama dos negócios ou em comprometedoras solidariedades. Sou um homem independente.Nunca tive os olhos postos em clientelas políticas nem procurei formar partido que me apoiasse mas em paga do seu apoio me definisse a orientação e os limites da acção governativa. Nunca lisonjeei os homens ou as massas, diante de quem tantos se curvam no mundo de hoje, em subserviências que são uma hipocrisia ou uma abjecção. Se lhes defendo tenazmente os interesses, se me ocupo das reivindicações dos humildes, é pelo mérito próprio e imposição da minha consciência de governante, não pelas ligações partidárias ou compromissos eleitorais que me estorvem. Sou, tanto quanto se pode ser, um homem livre.Jamais empregarei o insulto ou a agressão de modo que homens dignos se considerassem impossibilitados de colaborar. No exame dos tristes períodos que nos antecederam, esforcei-me sempre por demonstrar como de pouco valiam as qualidades dos homens contra a força implacável dos erros que se viam obrigados a servir. E não é minha a culpa se, passados vinte anos de uma experiência luminosa eles próprios continuam a apresentar-se como inteiramente responsáveis do anterior descalabro, visto teimarem em proclamar a bondade dos princípios e a sua correcta aplicação à Nação Portuguesa. Fui humano.Penso ter ganho, graças a um trabalho sério, os meus graus académicos e o direito a desempenhar as minhas funções universitárias. Obrigado a perder o contacto com as ciências que cultivava, mas não com os métodos de trabalho, posso dizer que as reencontrei sob o ângulo da sua aplicação prática; e folheando menos os livros, esforcei-me em anos de estudo, de meditação, de acção intensa, por compreender melhor os homens e a vida. Pude esclarecer-me.Não tenho ambições, não desejo subir mais alto e entendo que no momento oportuno deve outrem vir ocupar o meu lugar, para oferecer ao serviço da Nação maior capacidade de trabalho, rasgar novos horizontes e experimentar novas ideias ou métodos. Não posso envaidecer-me, pois que não realizei tudo o que desejava; mas realizei o suficiente para não poder dizer que falhei na minha missão. Não sinto por isso a amargura dos que merecida ou imerecidamente não viram coroados os seus esforços e maldizem dos homens e da sorte. Nem sequer me lembro de Ter recebido ofensas que em desagravo me induzam a ser menos justo ou imparcial. Pelo contrário, neste país, onde tão ligeiramente se apreciam e depreciam os homens públicos, gozo do raro privilégio do respeito geral. Pude servir. »

É por isto que vai ser considerado o maior português de sempre. Ou muito me engano...

terça-feira, 14 de novembro de 2006

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Dizia o Ramalho Ortigão, a propósito de umas crónicas:

" - Essa é que é Eça!!!"

E esta, hem?!?

JP+P

quarta-feira, 8 de novembro de 2006

UM DIA FELIZ PARA OS AMERICANOS

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Os iraquianos fundamentalistas acharam que o dia da condenação à derrota do Jorge Bush foi de felicidade para os americanos. Custa-me um pouco a entender este afastamento do maometismo, principalmente por parte dos fundamentalistas.
Não sou contra as eleições livres, mas é triste ver o afastamento de um líder que já nos habituou a alguns momentos de gargalhadas sonoras, ainda que com um ou outro momento de estupidez na gestão da hegemonia dos interesses americanos, o que leva à morte de milhares de crianças e outros inocentes, condenados a morrer sem ao menos terem direito à leitura da sua pena de morte. A fome e a violência são tão estúpidas que não sabem escrever!
Discutíamos ontem a questão da violência na família, no curso de Cidadania Activa. Bater nas mulheres, bater nas crianças, uma chapada de um pai não é violência, mas se for a mesma chapada aplicada por um empregado de mesa num café já é violência. Uma das colegas deste curso defendeu que uma chapada ou um açoite aplicados na altura certa fazem parte da educação. E qual o limite entre a chapada educativa e a violência sobre a criança? Disse ela, nesta definição soberba: "uma estalada na cara, desde que a criança não perca o equilíbrio, não é violência".
Outra colega contou como viu um dia um casal à porta de um hipermercado, com uma criança a chorar, e o pai aplica uma chapada na criança, mas a sogra que também ali estava intervém e critica o pai por bater na filha, eis que o senhor, vociferando que ela não tem nada a ver com o assunto da educação da filha, agarra no chapéu de chuva e desata à "bastonada" na sogra, que se agacha protegendo a cabeça e vai levando com o chapéu nas costas. Esta colega que testemunhou a cena desde o início tenta chamar os seguranças, mas estes dizem que apenas podem chamar a polícia, vai ela própria e agarra no chapéu de chuva por trás do agressor, quando este o levantava para desferir mais um golpe na vítima. Uma troca de palavras, chega a polícia e o senhor logo diz à sogra: "lá em casa leva mais!". Ora, se a senhora agredida não perdeu o equilíbrio, e estando em causa uma questão de educação da sogra, este não foi um acto de violência!

JP+P

segunda-feira, 6 de novembro de 2006

um dia feliz para os iraquianos

Os americanos republicanos acharam que o dia da condenação do Sadame Ussein foi de felicidade para os iraquianos.
Custa-me um pouco a entender este afastamento do cristianismo, principalmente por parte dos republicanos.
Sou contra a pena de morte. Por pena, por mais nada. Mas que interessa? Afinal condenados à morte estamos todos e ninguém tem pena de nós.
Sadame foi mau, a julgar pelo que se lê, claro está - a mim nunca me fez mal nenhum -.
Os juizes de Sadame são maus, a julgar pelo que se lê. A mim nunca me fizeram mal nenhum.
O mundo fica melhor ou pior sem Sadame?
O mundo de Sadame é a vida de Sadame, como é o mundo para cada um de nós. Acabando nós, acaba o mundo para nós. Não há mundo fora de nós, nem nós contamos nada para o mundo.
Esse é o mistério, o milagre, a graça e a desgraça de tudo.

Começo a crer na governação feminina. Os homens mostraram já que não servem.
Os nossos primeiros, presidente e ministro, não comentaram o veredicto de Sadame. Estavam no Uruguai e não era o local próprio. Cobardes... Sim, em cobardia ninguém ganha a um político.