sexta-feira, 25 de maio de 2007

boot animal

Tal como num computador, os animais vêm com um boot, este genético: sobrevivência e propagação da espécie. Tudo o resto vem por acréscimo.

Filosofia, matemática, arte, todas as ciências, religiões, comportamentos, etc.

Aceitando este facto, toda a vida, como a conhecemos, seria diferente. Quem com isto concorda? Quase ninguém.

Cai-se na maior das misérias, na maior das hipocrisias, na mais humilhante vivência no mais humilhante dos mundos. Isto, porque acreditamos que controlamos os nossos actos, a nossa vontade e o nosso querer. Errado! Quase não controlamos coisa alguma e quando cremos ter o controlo, desenvolvemos neuroses, fobias, repulsas e todos os atrofios mentais que se conhecem.

Na nossa cultura cristã, desenvolve-se o gosto pelo casamento. Uma mulher e um homem unem-se até que a morte os separe. Ou deveriam, se não brincassem com coisas sérias.
O casamento cristão é insolúvel. Fidelidade é para toda a vida. As juras feitas perante Deus, em que se acredita, parecem não valer nada, pouco ou muito tempo depois, para, nem todos, os casados.

Este é só um dos muito exemplos em que a genética supera toda a crença, toda a ideia momentânea, toda a esperança, social e filosófica, do mais cor-de-rosa dos sonhos.

E porquê? Não sei!

Porque se casa alguém pelos valores cristãos do casamento?
Vem o social à baila: porque as mulheres têm agora mais liberdade, porque não dependem, financeiramente, do homem, patati, patatá...

Pior que a tentação, pior que a ideia de Inferno, pior que viver com fantasmas, é a perda de decência, de homens e mulheres, por igual.

Porque o desejo sexual não é mais que o "boot" em acção. Sobreviver e procriar, as bases de vida de qualquer animal, que nós, racionais, tentamos nem saber acreditar.

Pobres de nós.

Não fosse pela impossibilidade física, de que o conhecimento moderno não permite, era pelo sofrimento ilimitado que Deus teria, em conseguir e ter de aguentar, todos os desejos e os pensamentos, que atravessam a alma dos humanos. Contando que alma houvesse, e não a tivesse comprado o Diabo.

made in eu

7 comentários:

O Advogado do Senhor Diabo disse...

Eu só não consigo imaginar outro tipo de vida melhor. A liberdade total não existe, porque invade o domínio do vizinho, a responsabilidade exige razoabilidade e isso não é uma opção de uso corrente entre as pessoas. As regras (para mim que sou preconceituoso) protejem, regulam, condicionam, recalcam, mas permitem que os mais fracos também sobrevivam. E todos nós somos os mais fracos, em relação a alguns dos outros. O nosso instinto de sobrevivência está acima de tudo. Sobrevivamos, como casados ou solteiros, como cristãos, muçulmanos ou budistas; na ásia, na améria, ou até mesmo aqui, no deserto a sul do tejo!

r disse...

As regras são o Sistema Operativo. Às vezes fica amok. Com umas mexidas volta ao normal. Se não voltar, pode-se sempre arranjar outro sistema e, na pior das hipóteses, formata-se o disco. O Boot, esse, está lá sempre, sem alteração significativa.
hehehehe Jorginho, só tu para me fazeres entender o mundo dos computadores. Como é que fazes isso a partir dum deserto? Aliás, do nosso deserto, porque eu também cá estou.

bekas disse...

Nem acredito no que me está a acontecer... Depois de ler isto, reler, voltar a ler e reler novamente, tenho que admitir que estou 100% de acordo com estes dois "beduinos do deserto".
:)

r disse...

Nunca admitas uma coisa dessas, nem acredites no que te está a acontecer ;-)

osbandalhos disse...

Melhor, recorrendo a Murphy e às suas leis: se te manténs calma, quando toda a gente à tua volta está em pânico, é porque não te apercebeste ainda a situação onde estás metida. :-)

bekas disse...

Nunca recorro a Murphy.

NÃO SOU PESSIMISTA.

(é por isso que às vezes crio tanta espectativa à volta de um assunto, que acabo com um balde de água fria na tola).
OK, esta última parte foi só um desabafo.

osbandalhos disse...

Nada preocupa mais um pessimista que um optimista que diz que não há motivo de procupação :)