quarta-feira, 30 de julho de 2008

o sorriso da aceitação

De todas as paródias da igreja católica, nada me diverte mais que o casamento. Noivos que, perante Deus, juram cuidar-se até que a morte os separe. A morte, essa puta, como lhe chama Lobo Antunes.

Difícil encontrar maior hipocrisia. O casamento católico é insolúvel, transformado numa sanita onde quase todos obram - Sim, aceito – com a mesma displicência com se batem com a consciência de trair o “aceitado”. - Não dá mais. Nunca deu! - Nunca Deus, digo eu. Até que a morte…

Menos engraçado, e hipócrita, era Fernando. À pergunta de Gomes, se gostava mais de gordas ou magras, 'fernandeia' prontamente com a mentira verdadeira : - É me igual. Fodo sempre de olhos fechados.

Não precisavas, Fernando. Toda a vida de casado só cuidaste da tua mulher, na doença e no dever conjugal. Mesmo de olhos fechados tremes, como tremerás perante a “puta” do escritor, acreditando que um dia Deus te levará para junto de Si. Aceitas? - Sim, aceito -.

made in eu

LAMAS

Reportagem na TV (não digam que os jornalistas não se divertem a seleccionar as declarações):

A propósito de um proprietário rural utilizar as lamas provenientes de uma ETAR (Estação de Tratamento de Águas Residuais), e com isso impestar uma zona urbana, depois de uma médica afirmar que não sabia se era por causa disso, mas que lhe parecia que existiam mais casos de problemas gastrológicos, aparece o Presidente da Junta, que no seu melhor fala dos problemas ligados à poluição, dizendo que ninguém vai ali "medir os níveis de ferro e assim"!

Para ele, que é o Presidente da Junta (e a quem alguém falou de poluentes como os metais pesados), é importante traduzir para aquilo que conhece bem, e, lá está, o ferro é um metal, sem dúvida, e dos mais pesados que ele conhece. O "e assim" é relativo a outros metais pesados que ele possa desconhecer, se bem que ele não esteja bem a ver quais são.

JP+P

sexta-feira, 25 de julho de 2008

vizinhança aos saltos

A vizinha de baixo atirou-se de cima da ponte. Ainda pior que sexo, com elas, é suportá-las. A vizinha de cima atirou-se para debaixo de um comboio. Em 1931, John Martin engravidou a mulher de Jim Hale. Jim Hale engravidou a mulher de John Martin. Quando soube, John Martin matou ambas as mulheres. A vizinha do lado não tem beleza, posto que é portuguesa. Jim Hale perdoou John Martin. No dia da inauguração da ponte, a cunhada saltou da janela. Sempre estúpida - diz o cunhado – a ponte em vez da janela, e ficava para a história, como a outra. A mulher surpreendeu o marido ao aparecer no leito conjugal de botas e roupa interior. O marido surpreendeu a mulher com dois sopapos e uma faca com que inutilizou as botas. A vizinha do terraço, em frente, não surpreende nem se deixa surpreender. Desde os 17 anos que Inácio não calça botas. Na ponte não passam comboios. As mulheres não se engravidam nem se matam à janela. John Martin e Jim Hale, não só se suportavam, como tinham sexo, os dois.

made in eu

segunda-feira, 21 de julho de 2008

gatos pretos, pedras e calhaus

Freud nunca iria entender o que queriam as mulheres. Artur perguntava para que serviria se entendesse. Valentim não entendia para que serviam as perguntas. Ele não suportava mulheres, nem sabia quem era Freud.
Artur, ao invés, tinha lido textos do psicanalista e suportava as mulheres, à distância, sendo muito mais alegre longe delas.
As mulheres, cuja vontade, nunca fora entendida pelo austríaco, não se suportavam a si próprias e, longe ou perto, nunca estavam felizes. São elas a verdadeira árvore das neuroses. O seu fruto era um gato preto que se atravessava na vida de Artur.
- É isso, uma gato preto que se me atravessa à frente. Que significado terá?
- Significa que o animal se dirige a qualquer lado, responde Valentim, citando Groucho Marx.
A impossibilidade freudiana de entender as mulheres é tão absurda quanto a possibilidade de alguém imaginar a vontade dum gato preto?
E as pedras? Por que querem as mulheres possuí-las? Admirá-las-ão pela sua inteligência mineral?
Longe delas. Longe delas.


made in eu

quinta-feira, 10 de julho de 2008

outnumbered

A ti, São, como tudo o que escrevi aqui (sempre a pensar que bastava que fosses tu a lê-lo).
Mesmo que o não leias, eu vou fingir que sim.

Há poucos minutos, mastigava um singelo almoço, à sombra de um vetusto pinheiro, no Parque, quando me vejo "engolido" como que por fagocitose, por centenas de t-shirts brancas e bandeiras, assinalando a luta dos enfermeiros, e enfermeiras, pelo sabe-se lá o quê.

Todos, superaram, seguramente, em número, os próprios habitantes do Parque e circundantes, a saber: advogados, pombos e putas.

Se alguma diferença se podia notar entre eles, só nos pombos, que voam alto.

made in eu

quinta-feira, 3 de julho de 2008

GRANDE PESAR

A nossa musa deixou o último palco.
Espero que a sua força se mantenha em nós muito tempo, para trazer o bom humor de volta às nossas vidas, tão depressa quanto possível.

A São será sempre o nosso património!

JP+P