quarta-feira, 30 de janeiro de 2008

O génio do capitalismo português.

O génio agiota tem na figura de exemplo Jardim Gonçalves. Como investidor, limita-se a emprestar dinheiro e a cobrá-lo a juros. Ele é o grande agiota. E como todos os agiotas, não segue leis, segue o instinto que lhe diz para emprestar aos que pouco têm, para poder dar muito aos que nada necessitam. É muito amigo dos seus filhos e de todos os gestores que o ajudem a ligar o banco a offshores em países que só conhecemos como lugares exóticos para passar férias.

O génio merceeiro tem como figura de proa Belmiro de Azevedo. Ele é o grande merceeiro. É certo que não usa lápis atrás da orelha, mas usa empregas de caixa pagas mais ou menos a salário mínimo, compra produtos de todo o mundo e revende-os, ajudando assim a globalizar o mundo, mas não a desenvolver o país onde implanta a merceeiria. É arrogante e respeitado; por quê? – Porque é rico e isso chega.

O génio mestre-escola é uma figura estranha, move-se entre a política e a marginalidade. Tem ligações com países que são governados simpaticamente por ditadores (como é o caso de Angola) ou com países cocaínados, como a Colômbia. Possui armazéns onde se vendem cursos, muitos deles sem serventia alguma, mas com a vantagem de conseguir passar diplomas de engenharia civil aos domingos de manhã; disponibilidade esta que os políticos portugueses muito apreciam.

O génio barbeiro da medicina é igualmente uma figura difusa. Movimenta-se entre os bancos e as seguradoras. Compra ou constrói hospitais, contrata médicos palopes pagos a salários equivalentes às notas com que se formam, mistura uns quantos foragidos do leste da Europa e vende os seus serviços a todos os que não tendo saúde, têm mais dinheiro do que bom senso. O génio barbeiro da medicina é capaz de pegar num ex-jogador de futebol e pagar-lhe um jantar bem regado e em troca usá-lo como modelo publicitário para o lançamento de um novo hospital, inaugurado, por exemplo, com uma intervenção cirúrgica às coronárias; usufruindo ainda de uma publicidade televisiva grátis em troca de inacreditáveis boletins clínicos, debitados à média de 1 por cada meia hora.

O génio fura-vidas tem como exemplo todo o chico esperto que tendo dinheiro para fazer qualquer coisa de mais útil, prefere abrir pequenos cafés, croissanterias e pizzarias e bares nocturnos. Abre e fecha estabelecimentos, e tão depressa está hoje a vender: - Uma bica para a mesa do canto!, como amanhã a requisitar moças romenas para o seu bar de alterne.

O génio capitalista, nos dias de hoje, é isto. Faz sentir saudades dos velhos capitalistas que investiam na indústria e produziam alguma coisa em Portugal, não faz? - Que Deus os guarde em boa memória -. O génio capitalista de hoje não inventa, mas também não engana ninguém, por isso continua verdadeira a afirmação:

O verdadeiro génio é aquele que alimentando-se unicamente de pão com manteiga, consegue defecar diamantes lapidados (…mas se o fizesse sem arranhar o cú, então é que era!)

jc

5 comentários:

Anónimo disse...

Concordo com os novos adágios tugas sugeridos aqui:
"comer pão com manteiga e cagar diamantes"
"o génio tuga faz omoletes mesmo sem ovos"
S

osbandalhos disse...

Não dá lugar ao mau-génio. Além da genialidade do texto, dá-nos uma vontade imensa de criar mais personagens. Cheguei até a pensar escrever sobre o "pica-miolos".
Este José Capitão, defeque o que defeque, nunca arranha o cu. É mais brilhante que um diamante lapidado.
Continua, amigo Carrelo.

bjecas disse...

Se tivesse lido isto a tempo, tinha dado colinho ao autor hoje (ontem) à tarde. Esteve pouco virado para conversas. E eu também!

\m/

osbandalhos disse...

Colinho, é uma palavra muito grata a Bjecas. Já uma vez me disse que precisava dele (do colinho, já se vê, eu, claro está).
Pela solidariedade ao clube que nos une, um dia de paz, por favor, como se não bastasse já terem comprado o Makukula e não vendido o Gomes e o Cardozo...
Terá razão Bjecas? Estarei a precisar de colo? Estaremos todos? Ponderarei. Ponderai vós também.

bekas disse...

ah ah ah ah ah ah ah ah ah ah

Já estou a imaginar o Bjecas a dar colinho ao José Capitão!

Muito bem JC, muito bem mesmo, mas gostei mais do génio blogueiro. Ri-me mais a encaixar as "personagens" nos génios.