domingo, 3 de fevereiro de 2008

Para todos os professores...

De um engenheiro, marido de uma professora.

A propósito das avaliações e do processo continuado de desacreditação dos Professores que a Ministra quer impor à opinião pública, gostaria que os Professores pensassem no seguinte: Em vez de fazerem greves inócuas, que ainda por cima cheiram a férias desapropriadas entre feriados, os professores deviam pensar seriamente em cumprir integralmente nas suas escolas o seu horário de trabalho. Passo a explicar: Pela manhã, TODOS os professores se apresentavam nas suas escolas para iniciarem o seu dia de trabalho.
Agora vai ser necessário um pouco de aritmética, mas da mais básica.
Se um professor tem 3 horas de aulas num dia, cumpre mais quatro horas de permanência na escola. Nessas quatro horas é suposto corrigir testes, preparar aulas, elaborar enunciados das provas, etc., etc. tudo o que se relacione com a sua profissão e que normalmente está habituado a fazer em casa. É também suposto utilizar as secretárias, as cadeiras, os computadores e as impressoras da escola para o seu trabalho. É que também é suposto que, antes de exigir resultados, a escola lhe forneça condições de trabalho. No final das sete horas de trabalho diário (7 x 5 = 35) saíam da escola para casa, deixando na escola o trabalho que ficou por fazer.
Facilmente os Conselhos Executivos chegarão à conclusão que a escola não oferece condições aos professores para que estes trabalhem, e terão que o comunicar ao Ministério, ou não há seriedade. Ou tentarão os Conselhos Executivos agir de forma a convencerem os professores de que como estes se acotovelam na escola o melhor será irem para casa? Mas poderão os professores ser penalizados por quererem exercer o seu trabalho no local de trabalho que lhes está por natureza determinado?
Deixem de ser um BANDO e passem a actuar como um grupo.
TODOS para as escolas desde manhã a cumprirem o horário de trabalho na escola, o local de trabalho natural. Atasquem completamente as escolas com a vossa presença e deixem que a ausência de condições de trabalho faça o resto. Deixem-se de greves inócuas e atrapalhem verdadeiramente o sistema de forma legal. Provem de uma vez por todas que querem trabalhar e que este patrão não vos dá condições de trabalho apesar de vos exigir resultados, e ainda por cima enxovalhando-vos continuamente. Substituam os sindicalistas que vos representam tão mal e que já não sabem o que é dar uma aula há mais de 20 anos por Professores que saibam discutir os assuntos de forma séria.
Sejam de uma vez por todas PROFESSORES UNIDOS.
Se assim não for, rendam-se às evidências e façam o trabalho dos auxiliares educativos, que ajudam o ministério a poupar uns cobres.
E NÃO SE QUEIXEM.

Filipe Pinheiro de Campos Bragança

Para quem não sabe, não sou professor. Sou um reles engenheiro que às vezes pensa nestas coisas, muitas delas quando às quatro ou cinco da manhã grito para a minha mulher que está no escritório a corrigir testes e pergunto se não se vem deitar. Comecem a divulgar esta ideia e façam entender a este Portugal e ao Ministério da Educação a importância do professor.

4 comentários:

Anónimo disse...

Também acho que há pouca inteligência no modo e no objecto que se reivindica.
"Se um professor tem 3 horas de aulas num dia, cumpre mais quatro horas de permanência na escola"... Que raio faz um professor nestas 4 horas em que não tem secretárias, cadeiras e computadores para trabalhar e em que não se organiza de modo a consegui-los? Não é verdade que em educação se gasta proporcionalmente tanto em Portugal quanto no nos países mais desenvolvidos?
Sempre achei que devem ser os interessados a resolver os seus próprios problemas e não deixar que sejam os outros a resolvê-los. Sinceramente, faço votos para que tenhas a tua mulher mais cedo na cama, tu tens direito à tua felicidade, assim como ela; e a felicidade também passa por aí.

Como nota final, digo-te que talvez não sejas um reles engenheiro (como afirmas); ou estás convencido que ainda podes chegar a 1º ministro?

caditonuno disse...

olha, eu tenho 14 horas lectivas. há dias em que vou 1h30m prá escola. o que é que achas que dá 1h30m por dia? dou 1 aula, venho-me embora e já está o dia de trabalho. há sempre alguma coisa a programar por fora, é certo, mas pouco mais. e o meu grupo nem é dos mais complicados. fará se fosse. haveria dias em que nao punha os pés na escola, como tenho um colega de EVT na mesma situaçao e que para arranjar mais alguns € vai fazer, duas vezes por semana, uns 100kms pra cada lado pra dar... 6 horas!

eu bem que tento arranjar mais umas horas, o ano passado consegui-o por 2 meses, este ano ainda nao consegui. colegas meus que eram colocados ao mesmo tempo que eu foram colocados há 5 ou 6 dias, outros vao perder este ano lectivo. é triste depois nao nos darem algum crédito.
atençao que concordo contigo em substituir sindicalistas, ministros que nao percebem da coisa e essas tretas todas, mas isso nao vai substituir os 40 ou 50 000 professores desempregados, garantir mais horas semanais, arranjar mais material, etc, etc, etc.

agora também há uma coisa: corrigir testes às 4 ou 5 da manhã? nao será algo exagerado? se ainda fosse às 2h30m! eu é que nao fazia isso! corrijo-os em casa e entrego-os sempre na aula a seguir mesmo quando tenho 4 turmas e 4 testes, logicamente (até hoje só falhei uma vez) e nunca fico até essas horas. já fiquei até à meia-noite e meia, ontem acabei de os corrigir porque ia ter a turma, apesar de nao ser àquela disciplina, mas nunca fazer serões pra trabalhar por quem paga e oferece tao pouco... prefiro gastar o meu tempo com os alunos!

Anónimo disse...

Há coisas que eu preferia não saber! Por favor, não me contem mais!!!

osbandalhos disse...

hehehehehehehehehehehe estas questões sérias deixam Consta preocupada/o e com insónias. Alguém a/o chamará às 4 ou 5 da manhã para se ir deitar?