sábado, 24 de março de 2007

natureza e filhos

Tratamos mal a natureza. Fizemos do céu um chouriço no fumeiro. Não nos quisemos adaptar a ela, mas adaptá-la às nossas conveniências. Ela esperneia, resmunga, agita-se na ânsia do protesto.
E nós conhecemos, e sentimos, o seu grito de alerta.

Hoje, parecemos surpreendidos pela crescente violência de filhos contra pais, de acordo com estatísticas e explicações psicológicas, que só têm razão de ser pelo prémio pecuniário atribuído.


Eu não me surpreendo.

As crianças são a natureza dos pais.
A violência contra elas é brutal. Somos a única espécie que abandona os filhos enquanto precisam de nós. Acordar um bebé com meses para o levar à creche é inanarrável. O bebé quer a mãe. Sente-se protegido junto a ela e ela passa-o para os braços de outrém. A criança é levada para o frio, com sono, numa violência absurda. Não se queixa, evidentemente; nem com meses, nem com 1 ano, nem com 2, nem com 3...


A criança está doente e ainda assim vai para a creche. A paciência e o carinho da mãe para dar-lhe uma colher de xarope, faltam. Em vez, a assistente enfia-lha pela boca abaixo.


O dinheiro está primeiro. Só o ordenado do marido não dá para as botas da moda. A independência da mulher moderna está antes dos filhos. Um fim-de-semana numa estância de férias não inclui o bebé, que atrapalha, e os pais precisam de um tempo só para eles.


Tal como a natureza, chega o dia em que os filhos esperneiam, resmungam, agitam-se na ânsia do protesto. Com toda a razão.

Não nos adaptámos aos filhos e causámos-lhes sofrimento, pelos nossos caprichos.
Soubemos concebê-los mas não soubemos cuidar deles.

Não nos queixemos agora.


made in eu

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