quarta-feira, 5 de setembro de 2007

JJ

JJ desistiu. Não se conseguia compatibilizar com a política dos políticos. Tudo que pensava que deveria ser feito, era-o ao contrário.
Não arriscava escrever ou dizer o que pensava dos “senhores”. Nada mais há a esperar. Conformismo é tudo o que posso fazer, pensou. Lembrou-se depois dum artigo que tinha lido, dum jornalista brasileiro que admirava, e satanizou-se satanizando as palavras e os desejos. É isso, disse. Rogar-lhes pragas é tudo o que me resta. Seja!

Cinco metros de intestino deveriam apodrecer ao ministro principal, e que sofresse de uma conjuntivite em ambos os olhos nos próximos dois anos, continuamente. E que as mãos se lhe enchessem de escaras e que dos seus ouvidos saísse pûs, e do nariz, e da boca. Que se lhe atrofiassem as pernas, e os pés se desfizessem em chagas. Que todos os outros ministros fossem atacados de tinha, e de ramelas constantes, e de piolhos, e que dos seus ouvidos jorrasse cera líquida, e diarreia contínua, dos seus ânus. Que a lepra lhes atacasse os genitais. Que o fogo queimasse as suas posses e a chuva as levasse. Que fizessem fila na “sopa dos pobres” e se alimentassem de escarros de tísicos. Que as bocas abertas se fechassem para não mais se abrirem, que partissem para onde se não soubesse e se salgasse o chão da sua passagem.

Caramba! Para quê tanta maldade, ou desejo dela, exclamou JJ em silêncio. Com certeza nenhum governante lhe desejava isso. Claro que não. Também não sabiam da sua existência. E se soubessem, faziam que não sabiam.

A fila na “sopa dos pobres” não era imaginação e as pobres bocas abertas dos pobres fechar-se-iam, para sempre, mais depressa do que o tempo que todas as pragas levariam a cair sobre os malvados, ou fossem de vez apagadas da vontade de JJ, e do querer de Satanás.


made in eu

1 comentário:

Unknown disse...

A casa de Zé Ninguém está à sua disposição!

Dias e noites!

Cumprimentos