Naturalmente, Inácio entrou num café, de mal com o mundo. Tão mal, que ao tirar a carteira do bolso deixou cair o telefone no chão. Apanhou-o. Ao balcão, pediu o que queria. Uma mão pousou, como todos os dias, uma chávena perto de si. Dedos cheios. Unhas pintadas de rosa. Inácio, por acaso, olhou para o lado e viu-a sorrir. É fácil distinguir um sorriso sincero de um falso. Era franco, este, e ainda assim pensou – gorda nojenta – enquanto ela saía para o escritório, roliça, com roupas modernas, cabelo curto, carente e feliz pelo olhar dele. Inácio prolongou na ideia a fala sem voz e, ainda a vê-la – se me dizes o que quer que seja mando-te para a puta que te pariu, monte de banhas -.
Naturalmente.
made in eu
quarta-feira, 30 de abril de 2008
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