Terra de cegos, chamavam à aldeia. Desde a libertação de gás da mina que todos os habitantes tinham cegado. Todos menos dois: um perdeu um só olho, o outro nenhum.
Naquela terra de cegos ninguém era rei. Não o era o que tinha um olho. Tampouco era o que tinha dois.
Um dia foram à caça e decidiram vender a todos os restantes, gato por lebre, que o comeram sem pão. Sem voz para apregoar, passou pela aldeia, o padeiro, e os habitantes nem o viram.
Assim reinava a paz, e não um rei, naquela terra de cegos.
Cláudia, essa, a formosura em mulher, permaneceria intocada para todo o sempre. O olho de um só tinha olhos para o de dois e os dois do outro para o de um.
Cláudia, sem ver o único que lhe podia valer, o padeiro, nunca o padeiro viu, e os amantes, por se recusarem a vê-la, eram, entre todos, os piores cegos.
made in eu
quarta-feira, 24 de outubro de 2007
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2 comentários:
Fantástico texto! lol!
Erem pandeleiros portantes...
\m/
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