quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

ANÁLISE DE 2008

Depois da subida em 2007, é de registar que acabamos 2008 exactamente ao mesmo nível de 2006, num retrocesso que pode ter explicação nas sagradas escrituras das testemunhas de Jeová, mas também pode não ter. Mas acabar exactamente ao mesmo nível de 2006, nem mais uma décima, nem menos uma décima, só pode ter esta justificação: a existência desta análise!

terça-feira, 30 de dezembro de 2008

trocas e baldrocas

Já só a curiosidade levava Jacinto aos tratadores da mente. Nenhum lhe havia dado ainda uma explicação plausível. Porque lhe dava mais prazer a masturbação no duche quando o gel ou o sabonete tinham aroma de lavanda?

Um quis saber da infância. A outro contou a frigidez das suas duas mulheres anteriores (sempre contra ele, as probabilidades). Do terceiro ouviu que era demasiada auto-confiança. Ele próprio, o psicólogo, sofria do mesmo, mas com o aroma de sândalo. - Idiota! Comparar sândalo a lavanda – pensou Jacinto.

Rute não gostava de se ver ao espelho. Para ela, a diferença entre orgasmos era nula. O mais perto que tinha estado de um foi quando comeu uma barrica de ovos moles. Achava-se gorda, como toda a gente a achava, mas bonita, ao contrário da opinião de quem a conhecia.

Jacinto, sem saber da intimidade de Rute por doces, ofereceu-lhe lingerie branca. Ela, ao namorado, um desodorizante com cheiro a alfazema. – ‘Pobre alma! Como se fosse bater uma depois do duche tomado’. Obrigado, meu amor - disse-lhe.
Ela sorriu-lhe com deleite. Nenhuma guloseima lhe daria maior prazer.



made in eu

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

AS ÚLTIMAS DO ANO - III

Aquele gajo era tão perfaccionista, que pagava altos juros e rendimentos a quem lhe entregasse as fortunas, e ia sempre angariando novas fortunas para pagar altos juros e rendimentos aos mais antigos. Um dia a Dona Branca, que não era dessas coisas das boas acções, também foi apanhada, mas pelos vistos não é só o povinho que cai no conto do vigário. Já na altura me fartei de rir, mas agora com este americano, ainda mais piada achei. E mais me rio quando vejo que até bancos lhe entregavam quantias assombrosas, e agora que perdem dinheiro pedem ajuda às finanças públicas. E mais me rio quando vejo as finanças públicas a darem-lhes dinheiro fácil. E mais me rio quando vejo primeiros ministros a dizerem aos caros concidadãos que o tempo é de crise. E mais me rio quando vejo os caros concidadãos a acreditarem, e se acreditam! Tanto me rio que um dia desaguo numa gargalhada de louco e depois rio, rio, tanto rio que mudo de nome para Mon Diego de la Vega.

JP+P

domingo, 28 de dezembro de 2008

AS ÚLTIMAS DO ANO - II

Querem rir à gargalhada?
Uma visita a uma loja dos chineses, e procurar embalagens de aparelhos eléctricos. Ler as descrições dos produtos e as instruções. É gargalhada certa!
Na Mealhada entrei numa e tinha lá um artigo que nem sequer tinha nada em português, era em castelhano, mas tão mal traduzido... tudo tradução automática feita via internet. Pelos vistos o mal não é só com a língua de Camões (By the visa the bad isn't alone with the tong from "Camões").

Agora a sério, andam para aí a recolher tantas asinaturas para levar coisas à Assembleia da República, não há por aí ninguém que queira fazer um abaixo-assinado para que na lei de defesa dos consumidores, uma tradução mal feita seja equivalente a não ter lá nada escrito em português, e seja logo o produto apreendido e multas e etc?

JP+P

sábado, 27 de dezembro de 2008

AS ÚLTIMAS DO ANO - I

Natal é quando um homem quiser!

Nada mais a propósito, principalmente nesta época pós-advento.

O pior é quando o homem não quer, mas o natal lhe chega embrulhado em barriga redondinha... então se for barriga de freira é que temos o caldo entornado!

JP+P

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

NATAL É TEMPO DE CRIANÇAS

E de prendinhas...

Ele recebe a oferta e agradece:

- Muito obrirabo!
- De nádega!

JP+P

domingo, 21 de dezembro de 2008

Boas Festas

Mais um aninho que passa por nós, cá estamos nós na quadra do advento, esperando o Natal e mais a entrada de um novo ano. Religiosamente, cá estamos preparados para atacar as doces iguarias que tanto mal fazem, preparados para comentar se este ano estão melhores ou piores do que no ano passado. Nisto da culinária do tempo, espera-se que o ano seja bem passado, porque mal passado, ou em sangue, como por vezes é referido, é sempre muito desagradável.
Aqui ficam os desejos de boas festas, porque o ano novo ainda vem longe, em nome de todos os bandalhos que aqui escrevem (escreveram, se calhar é o mais indicado, com tanta falta de regularidade...). Que tenham muitas prendas, para dar, e muita sorte na hora de receber (de preferência umas boas festas)!

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

O quê?

No Museu do Espanto, a sala principal era a mais preenchida com espantosas estátuas dos mais espantados pelo “meter no cu”. Quer vender-me a sardinha a quanto? Meta a sardinha no cu. No cu, também se manda meter quase tudo, desde espectáculos a preços impossíveis, a políticas sociais, ajudas financeiras, carros novos dos vizinhos, parlamentos, bónus miseráveis dos patrões e, até, estádios de futebol. A estátua de Belmiro provava-o: espanto de ouvir o vizinho dizer que bem podia o FC Porto meter o Dragão no cu.
Para espantos menores, menores salas. Barão de Alenquer, espantado pelo próprio filho referir que, quanto a orifícios, nenhum pior que o das mulheres, molhado de nojo.
Nenhuma estátua pelo facto do Estado não ajudar o Museu.
A mais pequena da exposição era, contudo, a do chefe de bombeiros de uma aldeia serrana, boquiaberto pelo facto de algumas mulheres terem quem gostasse delas, ou se sentisse atraído por elas, ou lhes jurasse amor eterno.
Sabia pouco sobre desespero, o chefe, e ainda menos de vinho.

made in eu

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

portas, bordas e fobias

“ O mundo está de tal sorte que se não pode entender “ (O Velho, o Rapaz e o Burro)

A estupidez delas é conhecida, tanto quanto a estupidez de outras, mais estúpidas que elas. De portas se trata e de portas me amedronto. Se verdade é que as da morte me esperam no próximo passo, ou assim julgo, não é delas que tenho mais medo. Nem de Portas que se me dão a ouvir, da Direita, nem da Esquerda. O terror apresenta-se-me sobre a forma mecânica: portas de acesso – ou saída - à plataforma do Metropolitano. Uma guilhotina com duas lâminas laterais, como irmãos, de esquerda e direita. A aproximação é pungente. A eficiência do contacto magnético, duvidosa. Fechadas à nossa frente. Vão abrir-se-nos? Nunca se sabe. Umas vezes não abrem, fazendo-nos sentir culpados pela longa fila atrás. Outras, estão abertas e fecham à nossa passagem, contundindo-nos, com a fila atrás. Não há fuga: à frente as portas, atrás a fila. Parecem ter autonomia inteligente para se abrirem e fecharem quando entendem. Afinal, apesar do pavor, não estou tão errado. Alguém (a má da fila), à má fila, quer tentar passar entre mim e a porta. Não deixo. É mais estúpida que ela e não quero saber se, como ela, abre ou fecha quando lhe apetece e com quem. Por ali não passarei nunca, nem ela por mim.
Uma vez por outra há só meia porta à vista. Vai abrir-se a meia fechada ou fechar-se a meia aberta? Essa, nem a minha cefaleia consegue adivinhar.

made in eu

sábado, 13 de dezembro de 2008

preço de línguas

Fyodor Dostoyevsky foi um grande escritor, dizem. Também dizem que os portugueses são ladrões e que os ingleses têm Oxford Street e que os ingleses dizem que o que não há na dita rua, não há em algum outro lugar do mundo.

Os ingleses editam livros, tal como os portugueses. Livros que Fyodor escreveu.
O livro "Crime e Castigo" foi editado no Reino Unido e em Portugal. Nas edições que conheço, a inglesa (Penguins Classics) custa £ 9.00, aproximadamente € 10.00, que é um pouco menos que os € 22.00 marcados na edição portuguesa.

Para o escritor russo é igual. Mas quem, com certeza, se deleitou foram as damas por Camões lambidas. A julgar pelos preços, a língua do poeta deve tê-las levado ao céu, sem passarem por Oxford Street.


made in eu

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

JOÃO E ZÉ

Zé e João viviam juntos, uma existência pacífica num ilhéu no Atlântico. Juntos viviam e não morriam de amores por tanta estupidez neste mundo, tanta falta de solidariedade, tanta discriminação.
À crise financeira global responderam com um simples encolher de ombros, ao ver os ignóbeis gordos a ajudarem os gordos ignóbeis, pois que se espera de gente que professa a religião cristã, como um meio de ajudar os pobres a suportarem o sofrimento, senão que se ajudem uns aos outros a engordarem-se mutuamente, como sendo os nobres das nações, em atitudes que provocam naúseas a quem percebe estas ajudas. Um encolher de ombros por verem que nesta situação de crise poucos foram os que em vez de rezarem, ou de beberem mais uma garrafa, ou de irem ao futebol, ou de irem passar uma semana a Cuba, ou de irem comprar uma hipopotama para ajudar pessoas necessitadas, se aperceberam que esta crise dos gordos não tem importância nenhuma para todos os magros do mundo, que sendo sempre mais do que os gordos, acabam por ser sempre estupidamente crentes, e por isso nunca são a maioria, sendo em maior número. Divididos para serem bem reinados.
João e Zé também gostavam de andar de mão dada nas ruas, de passear e de se deleitarem com a beleza deste mundo, mas pode verdadeiramente ser belo o mundo, povoado por tanta gente horrível, de um lado os gordos gordos, do outro os magros, aos milhares, como manadas de crentes que pisam o verde e esmagam a esperança?
Zé e João não desesperam, mas esperam realmente por dias melhores. E não esperam sentados, apoiados no seu crer de que só em movimentos se pode aguardar uma mudança neste mundo.
Zé muitas vezes lhe diz a ela: - Maria João, tem cuidado, porque cada vez menos as aparências enganam, mas também com a verdade se enganam os tolos, principalmente se acompanhada em evento gourmet com papas e bolos.
Ela sabe-o bem e diz-lhe a ele: - Zé Paulo, tu tem também cuidado com o que escreves, pois nunca se sabe o futuro e a nossa liberdade de hoje pode ser a base de uma prisão amanhã. Pia, mas pia baixinho!

JP+P

domingo, 7 de dezembro de 2008

TORRADINHAS REQUENTADAS

Como já há pouca gente que consiga ler este blog todo, como quem lê um romance (felizmente há excepções, que nos deixam orgulhosos desta produção escrita, se bem que é na China!), aqui fica a sexta edição neste blog: A TORRADINHA REQUENTADA! É fácil, vai-se um ano para trás e escolhe-se um texto, faz-se um copiar da ligação directa ao texto em causa e cola-se no hiperlink, para ler clicar aqui.

altas terras do norte (?)

Três cientistas encontravam-se na Aldeia dos Mil Caminhos para verificar a teoria da Verosímil Contradição, que julgavam poder ali demonstrar.

Ficaram instalados na Pensão da Serra, no Bairro da Igreja. A aldeia ficava numa planície e não existia igreja alguma.

Também ali as mulheres eram consideradas as mais bonitas da região. No entanto, segundo cartas da época, nem uma única violação ocorreu durante as invasões francesas. Nenhum soldado de Napoleão se mostrou interessado em nenhuma daquelas fêmeas.

Os piercings eram tatuados e a inteligência das mulheres, segundo os homens, era equivalente à de uma Bola de Berlim (se com ou sem creme não foi apurado).

Um só vetusto caminho dava acesso à aldeia. Os aldeães cresciam mas não se multiplicavam - não tinham igreja - nem sabiam que Napoleão não tinha vindo de Berlim.

A triste ‘modernidade’ entristecia os machos. Gostavam das mulheres como das ameijôas; não à Bulhão Pato mas ao Natural. Estas (as mulheres, não os bivalves), em vez de pelos nas axilas e nas pernas, davam-lhes borbulhas nas virilhas. Seria esta a contradição?

Os cientistas retiraram-se pelo 1/1000 dos caminhos imaginados. Um tatuou-se, outro prometeu nunca mais tocar em ameijôas e o terceiro desenvolveu uma paixão por Bolas de Berlim.

Desistiram da teoria que pretendiam demonstrar, mas todos quiseram saber muito mais sobre os valorosos soldados napoleónicos.


made in eu

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

estrela cadente

Falei com uma Estrela. Só, no firmamento de nós. Só, no seu universo. Sem brilho mas com superfície luzidia, ninguém amava aquele astro. Nem eu. Demasiado feia, gorda e solitária, nada lhe restava para lá da aceitação. Que pretendia? Que me interessa?... Ser admirada, amada, desejada, usada que fosse? Alguém que a admire, ou a ame, ou a deseje, ou a use, ou nem isso?

Pobre, Estrela, cuja escuridão é a minha luz.

Rico, Oscar Wilde, que avisou: "não se deve confiar numa besta vil que sangra sete dias consecutivos sem morrer."

made in eu