quarta-feira, 15 de novembro de 2006

e ponto final


«Devo à Providência a graça de ser pobre; sem bens que valham, por muito pouco estou preso à roda da fortuna, nem falta me fizeram nunca lugares rendosos, riquezas, sustentações. E para ganhar, na modéstia a que me habituei e em que posso viver, o pão de cada dia, não tenho de enredar-me na trama dos negócios ou em comprometedoras solidariedades. Sou um homem independente.Nunca tive os olhos postos em clientelas políticas nem procurei formar partido que me apoiasse mas em paga do seu apoio me definisse a orientação e os limites da acção governativa. Nunca lisonjeei os homens ou as massas, diante de quem tantos se curvam no mundo de hoje, em subserviências que são uma hipocrisia ou uma abjecção. Se lhes defendo tenazmente os interesses, se me ocupo das reivindicações dos humildes, é pelo mérito próprio e imposição da minha consciência de governante, não pelas ligações partidárias ou compromissos eleitorais que me estorvem. Sou, tanto quanto se pode ser, um homem livre.Jamais empregarei o insulto ou a agressão de modo que homens dignos se considerassem impossibilitados de colaborar. No exame dos tristes períodos que nos antecederam, esforcei-me sempre por demonstrar como de pouco valiam as qualidades dos homens contra a força implacável dos erros que se viam obrigados a servir. E não é minha a culpa se, passados vinte anos de uma experiência luminosa eles próprios continuam a apresentar-se como inteiramente responsáveis do anterior descalabro, visto teimarem em proclamar a bondade dos princípios e a sua correcta aplicação à Nação Portuguesa. Fui humano.Penso ter ganho, graças a um trabalho sério, os meus graus académicos e o direito a desempenhar as minhas funções universitárias. Obrigado a perder o contacto com as ciências que cultivava, mas não com os métodos de trabalho, posso dizer que as reencontrei sob o ângulo da sua aplicação prática; e folheando menos os livros, esforcei-me em anos de estudo, de meditação, de acção intensa, por compreender melhor os homens e a vida. Pude esclarecer-me.Não tenho ambições, não desejo subir mais alto e entendo que no momento oportuno deve outrem vir ocupar o meu lugar, para oferecer ao serviço da Nação maior capacidade de trabalho, rasgar novos horizontes e experimentar novas ideias ou métodos. Não posso envaidecer-me, pois que não realizei tudo o que desejava; mas realizei o suficiente para não poder dizer que falhei na minha missão. Não sinto por isso a amargura dos que merecida ou imerecidamente não viram coroados os seus esforços e maldizem dos homens e da sorte. Nem sequer me lembro de Ter recebido ofensas que em desagravo me induzam a ser menos justo ou imparcial. Pelo contrário, neste país, onde tão ligeiramente se apreciam e depreciam os homens públicos, gozo do raro privilégio do respeito geral. Pude servir. »

É por isto que vai ser considerado o maior português de sempre. Ou muito me engano...

7 comentários:

João Paulo Pedrosa disse...

Eu, por acaso, votei no Mário Laginha!!!
Ainda piderei a hipótese de votar no Salazar, mas seria um insulto misturar uma eleição livre com tão grande estadista da nossa História gloriosa. Ou será que esta votação televisiva também é viciada à partida?

Anónimo disse...

hehehe eu não sou salazarista. Gosto de viver em liberdade, se bem que, do ponto de vista do dia a dia, era-se muito mais livre no tempo do estado novo que agora. Agora é entrega do modelo tal de IRS, mais o modelo Y, mais a inspecção do carro, mais o cinto de segurança, mais o papel da TV Cabo, mais o atraso do pagamento da internet, mais e mais e mais... o estado anda muito mais em cima de nós agora do que antes. Ou achas que a PIDE faria um arresto a um director do Benfica? hehehe
O maior português de sempre era a Marreca do Broche, ali em Monsanto. Deu alegria a muitos portugueses como ninguém na nossa história.
Mas eu também acho que do ponto de vista de dignidade pessoal, os nossos políticos todos juntos não chegam para lamber as rotas solas das botas do "Botas"

made in eu

Anónimo disse...

lá está! continuamos com um idolo desses como é que a criançada pode ter exemplos a seguir?
Salazar foi fruta da época dos ditadores.Essa época pode ser ciclica já que só temos vontade de abrir mesmo os olhos quando nos obrigam mesmo a fachá-los ao passo que as aparências de democracia nos vão subtilmente empoirando. Toleramos estádios em vez de hospitais.
Ainda hoje um homem de quem conheco os pais e que teve um AVC e já conseguio ao fim de 1 ano e meio andar e mexer o braço foi-lhe recusado continuar a exercitar a mão em Alcoitão já que a verba não chega para todos.
Muitas escolas e hospitais do país foram construidos durante o governo de Salazar, tb é a vantagem de se governar tanto tempo, mas reconheço que ficou obra feita.

Anónimo disse...

E para exercitar a mão é preciso ser em Alcoitão?
A verdade é que concordo que a ideia.
Fechar postos de saúde e dinheiro, dinheiro e dinheiro, e depois comprar submarinos e estádios e... Por cada político morto abrirei uma garrafa de champanhe. de champanhe não, de espumante, o mais barato que houver no DIA, que mais não merecem esses nojentos filhos da puta.

PAGBA disse...

merda apetece mandar todas\os p a cona da mãe
geralmente não digo asneiras
mas desta vez é de mais
o bota d elástico fez com que morressem muitas e muitas pessoas ou já se esqueceram da pide, do tarrafal
pelos vistos parece que s esqueceram da censura e do que ela significou em atraso de mentalidades não só nos quase 50 anos que durou a dita dura como nas sequelas que deixou (lembrem*s por exemplo que somos dos últimos países da europa a despenalizar, e pouco a IVG)
parece q, também, s estão a esquecer q no princípio da década de 70 mais de 80% dos idosos não tinha qualquer tipo de pensão!!!
eu conheci pessoalmente pessoas q foram torturadas pela pide!!!acho mesmo irresponsável não terem memória para essas pessoas!!!
«morra» o salazar! PIM
e viva o 25 d Abril SIM

Anónimo disse...

Eu, geralmente, também não digo asneiras, mas cona da mãe. Tens razão, pá. Os idosos não tinham pensão, porque na época não havia idosos. Isso é coisa já do modernismo democrático. Dantes só havia velhos... E sobre a mentalidade... Não foi a censura que a atrasou, já vinha de trás, o atraso. Realmente isto aqui... Em França é que havia gente evoluída, com grandes pensadores, e cientistas, e eleições democráticas. Tão democráticas como na democrática Inglaterra, diria alguém... Apenas deixaram de guilhotinar gente em 1978 (ou 79, por aí) mas eram evoulídos. Cona da mãe. OPS, eu geralmente nem digo asneiras...

made in eu

Anónimo disse...

Desde sempre achei que ter nacionalidade portuguesa era um azar do caraças, mas depois do resultado nojento deste consurso, sinto-me envergonhada de ser portuguesa.
Puta que pariu o Salazar e todos os ditadores.
Morram todos asfixiados, com a língua de fora e os olhos a sair da órbita.
Filhos da puta!
60 000 portugueses a elegerem esse ditador de merda... ainda nem consigo acreditar naquele resultado.