quinta-feira, 9 de abril de 2009

'juntaram-se os dois à esquina...'

Agora que falta uma hora para começar o festival - Zangada, como sempre, a minha mulher. – Bem sabes que não consigo ouvir acordeão sem ter moedas nos bolsos. Não consigo ouvir acordeão sem pensar em ceguinhos e esmolas – Está bem, mas só te lembrares em cima da hora... – Pergunto-me que caminho levou o mundo para a inteligência das mulheres se ter resumido ao cartão SIM. Entrámos. Uma espécie de maldição caiu sobre as palhetas e o fole. Nada de esbeltas violinistas ou pianistas. Nada da altivez de um violoncelista ou de um flauteiro. Os acordeonistas não parecem merecer o brilho do instrumento. O repertório é condizente. E vêem! Não há ‘moedinhas’. Não me inspiram pena. Apenas me incitam à fuga. – Aonde vais? – diz a tonta ao meu lado. – Fumar um charuto. – Metes nojo – Nem olhei para trás. A porta da saída era o bem estar momentâneo. Iria multiplicá-lo para sempre. Que se fodesse! Com o tilintar das moedas no bolso e ao sabor de um Partagas, abençoei os acordes dum "corridinho".

made in eu

1 comentário:

Rafeiro Perfumado disse...

Eu ainda é pior, sempre que ouço um acordeão vem-me à cabeça um canito, com um copo de plástico na boca e empoleirado no instrumento (musical), enquanto o dono vai assassinando melodias de sempre.

Abraço!