Nunca fui a Monsaraz. Falando verdade, nem sei exactamente onde fica. Tentarei não saber, nem ir nunca.
Monsaraz defende que tem uma tradição: matar um touro na praça de armas do castelo.
Em Portugal muitas tradições estão ligadas a mortes de animais. Os defensores dessas tradições sentem-se ofendidos, na sua dignidade, pela lei proibir a sua barbárie.
Mas a lei em Portugal também é bárbara. O estado português só olha a dinheiro. Os assassinos de animais escapam com uma multa, como um condutor em excesso de velocidade, ou um contribuinte que se atrasa na entrega da declaração de rendimentos.
Não conheço as leis dos outros países europeus mas não me custa imaginar o que aconteceria se alguém em Londres, ou Paris, ou Estocolmo, ou em qualquer outro lugar, decidisse esfaquear um cão, ou gato, ou touro, ou outro qualquer animal, em nome de uma tradição.
Portugal é um país horrível, quer para pessoas, quer para animais. Os portugueses são demasiado estúpidos e incapazes de evoluirem e se modernizarem.
Não mascaremos a (não) evolução nacional com estatísticas económicas, com investimentos em TGV, auto-estradas ou geradores eólicos.
Não sei quantos anos terá uma tradição para ser considerada como tal. Gostaria de ver começar uma: arrasar a praça de armas do castelo, com bombas inteligentes, apesar de paradoxal. Acredito que aos olhos da lei não fosse crime assim tão grave. Pergunto-me qual seria o valor da multa a pagar.
made in eu
domingo, 10 de setembro de 2006
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
5 comentários:
isto de matar em público um animal, para que seja um espectáculo, não tem nada de mais. Hoje em dia muitas pessoas já evoluiram no sentido de achar que não pode ser um divertimento um espectáculo que causa sofrimento a outro ser vivo, ou que o prive de uma vida normal, no seu habitat.
As touradas, que vejo desde pequenino na TV são uma realidade cultural,uma tradição, mas que, como todas as tradições, sofrem evoluções. Obviamente que neste caso, com a mediatização da questão, haverá sempre gente muito empenhada num e noutro campo, pró e anti. Acho que a evolução natural, com mais uns anitos, é as touradas evoluirem para as garraiadas, em que os animais não são espetados com bandarilhas, nem mortos em público. Disse-me um amigo que os animais que vão às garraiadas, e que são quase sempre os mesmos, até se divertem, parecendo que estão ali a jogar à apanhada, fazendo parte da brincadeira com os outros animais bípedes.
Nessa altura do futuro, os aficionados das touradas serão olhados pelo resto da sociedade como hoje olhamos para um pedófilo, e serão os matadouros certificados que vão ter umas salinhas próprias para que estas pessoas vejam ao vivo os animais a sofrerem, haverá sites próprios na internet, haverá turismo especializado na China para visitar quintas de criação de animais para obtenção de peles, podendo a pessoa, ela própria, experimentar esfolar o animal ainda vivo. As touradas e os circos com animais selvagens só vão acabar quando deixar de ser um espectáculo lucrativo, quando as bancadas começarem a ficar vazias.
Em Barrancos o povo já se queixa que lá vai menos gente. É assim, vai quem quer e gosta.
Há sempre duas maneiras de olhar para a questão.
Monsaraz, com ou sem touro morto na praça de armas do castelo, será sempre um dos sítios mais espectaculares cá da nossa terra, do Alentejo.
Quanto ao vinho não é preciso ir a Monsaraz, chega ficar-se por Reguengos.
O povo de Barrancos ???
O povo ou quem lá mora, sei lá...
Não de devem queixar por falta de gente. Quanto muito, por falta de touros; parece que são todos amantes de cornos.
Gonçalo Mendes da Maia conquistou Barrancos aos mouros. Eu devolvia-a já.
Enviar um comentário