Porreiro pá?
JP+P
«A maledicência foi dada ao homem não só como estímulo mas também como distracção; porque é comentando os ridículos dos outros que o homem aprende a corrigir os seus e, é deformando a monotonia da vida pela troça, que ele consegue fugir à tristeza da realidade agreste que o rodeia.» Fialho de Almeida - Ovos Moles e Mexilhões. Bisbilhotice Mensal D´Aveiro N.º 1 – Março de 1893, Pág. {3}
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Foi numa pálida manhã de Outono
Soturna como a cela dum convento
Que num vetusto parque ao abandono
Dei largas ao meu louco pensamento
Cortava o espaço a lamina de frio
Que impunemente as nossas carnes corta
E o vento num constante desvario
Despia as árvores da folhagem morta
Folhas mirradas como pergaminhos
Soltas ao vento como os versos meus
Bailavam loucamente p´los caminhos
Como farrapos a dizer adeus
Das débeis folhas lamentei a sorte
Mas reflecti depois de estar sereno
Que bailar á mercê de quem é forte
É sempre a sina de quem é pequeno
Desde então, o meu pobre pensamento
Fugiu para não bailar ao abandono
Como a folhagem que bailava ao vento
Naquela pálida manhã de Outono
Henrique Rego
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