segunda-feira, 24 de novembro de 2014

domingo, 9 de novembro de 2014

Perfume

Perfume com cheiro a papel para os amantes de livros 

(se se abusar na quantidade, ficar-se-á a cheirar a um dos irmãos Karamazov?)


sábado, 1 de novembro de 2014

domingo, 14 de setembro de 2014

Auto-Stop

Pereira disse-me que já tinha sido polícia. Pobre Pereira. Não por ele, que é igual a todos, mas pela farda. Pereira cumpria ordens apenas para justificar o salário. E ainda assim era desprezado. Sentia-se útil à sociedade, ou assim pensou quando conseguiu passar nos testes. Mas o que Pereira não sabia é que tinha de ir conferir os documentos dos automóveis e dos condutores. Ainda assim, tinha de parecer sentir-se importante e autoritário quando sabia bem que os automobilistas o viam como uma merda que apenas lhes atrasava a vida.

Pereira veio-me à ideia quando António me contou que tinha sido mandado parar por um aparato policial que mais parecia uma guerra. Agentes de luvas sem dedos com armas automáticas. Uma carrinha da polícia bloqueava a estrada, forçando todos os automóveis a irem para um parque. Filhos da puta, pensou, não terão mais nada de útil para fazer, quando há roubos a toda a hora e em todo o sítio? 
António, já atrasado para chegar a casa, ouviu um agente, sem espigarda, pedir-lhe os documentos da viatura - a puta que te pariu, meu merdas, pensou - O agente devolveu-lhe os documentos, sempre com uma seriedade que fez rir António. O senhor ficou-me com um cartão? É a carta. Se não se importa, saia para vir fazer o teste do alcool. 'Esta noite deves bater uma à conta, idiota' Saído da viatura, é assim que a polícia chama aos carros - as financeiras chamam-lhes automóveis, quando querem emprestar dinheiro a juros policiais - António foi soprar no 'balão'. A boquilha vem fechada num saco, parecendo não ter sido utilizada antes. Vai encher o peito de ar e soprar até eu mandar parar, ter-lhe-á dito o polícia com mais boca de brochista do que de boquilha, assim pareceu a António. Soprado que foi o aparelho, António foi mandado embora. António tinha bebido vinho ao jantar mas o aparelho não detetou vestígios de alcool, ou acetona, para ser mais preciso, no ar expelido. No sangue teria sido diferente. Afinal o truque resulta mesmo, e eu que me ri tanto quando António jurava a pés juntos que sabia como enganar o 'balão', tal qual um espião passa pelo detetor de mentiras. António pediu ao agente uma prenda, como tinha visto dar na televisão aos condutores que não bebiam, mas o polícia disse-lhe que naquela noite não tinham prendas para oferecer. O 'artista' continuava à entrada do parque, estático como um manequim, com luvas sem dedos e arma automática.

Resumindo, acredito que há mesmo mulheres com tara pelas fardas. Sendo a da polícia, talvez vão mais além e seja o bastão o pomo de concórdia.
Num futuro próximo, poderá ser assim um diálogo familiar:
- Contas-me o teu dia de trabalho?
- Vi um gajo soprar no balão que me excitou para além do razoável. Por isso hoje deixa-te de chupar e sopra; enches o peito de ar e sopras até eu te mandar parar.

made in eu

domingo, 3 de agosto de 2014

Frida Kahlo e as portuguesas

Passeando com um amigo por Lisboa, surpreendeu-o a quantidade de locais que anunciam 'depilação' e lembrou-me uma conversa num programa de televisão brasileira onde se discutia pintura. O tema era Frida Kahlo. Um dos jornalistas, no programa, frisou que a Frida não tinha graça nenhuma e salientou que as únicas três coisas importantes que a senhora fez na vida foram: dormir com o marido, Diego Rivera, que era um pintor muito melhor do que ela, com o Trotsky e com o Nelson Rockefeller, e daí criou-se essa lenda. Outro jornalista, pergunta ao primeiro ' e aquele bigode, Francis, que ela sempre pinta um bigode? Responde o Francis 'isso deve ser um apelo aos portugueses, só para dizer que todo o português que tem bigode, tem saudades da mãe. 

made in eu

domingo, 18 de maio de 2014

SLB


Lembrando as palavras do grande Medeiros Ferreira:

NÃO SEI O QUE É ISTO QUE SINTO PELO BENFICA. SE CALHAR É AMOR.

made in eu

sábado, 3 de maio de 2014

a orgástica mão de Martins

O tema passou do futebol para o casamento, quando Martins disse: 'como casado, para além da manual que já tinha, passei também a ter masturbação vaginal. Divorciei-me 10 meses depois do casamento. É assim tão difícil adivinhar qual das duas preferia?' Sorrindo, Martins deitou mão a mais uma imperial que tinha acabado de ser posta na mesa e, acariciando o copo gelado, acrescentou 'e loiras só destas'.

made in eu

sábado, 26 de abril de 2014

As merdas que Abril abriu

Notícia do CM (Correio da Merda. Ou do Monstro? Quantas vezes chama este jornal chama Monstro a alguém... )

S. João da Pesqueira 

Monstro visto a comprar pão 

Duplo homicida continua a monte. 

O monstro de S.João da Pesqueira foi visto esta sexta-feira a comprar pão na freguesia de Trevões.


TV - anúncio - Dois fósforos, supostamente homem e mulher entrelaçam-se. Um pega fogo (como é suposto, é para isso que existem). 
Texto: Ejaculação Precoce, vá ao instituto X tratar desta disfunção sexual (?!) 

Disfunção sexual? Desde quando a ejaculação é uma disfunção sexual? O que se faz e diz para ganhar dinheiro é nojento: Troca de fotos de novas e velhas. Magras e gordas. Homens com cabelo e sem cabelo, onde o antes é o depois e o depois o antes.

Abril abriu as portas mas enganou-se; ficou de fora o que devia ter entrado e entrou mais estupidez com a força de um maremoto. Abril não se cumpriu. Abril nunca se cumprirá. Venha(-se) Maio e depressa. Ou não tanto, para não ser confundido com um fósforo.

made in eu

sexta-feira, 18 de abril de 2014

GABO, obrigado.


A dreaded sunny day
So I meet you at the cemetery gates...

So we go inside and we gravely read the stones
All those people all those lives
Where are they now?
With the loves and hates
And passions just like mine
They were born
And then they lived and then they died
Seems so unfair
And I want to cry

Cemetery Gates - The Smiths

made in eu

sábado, 5 de abril de 2014

Relido

Porque um livro que não merece ser lido duas vezes não merece ser lido uma



segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

DIA DE REIS

Neste Natal acho que provei uma iguaria que saiu do armário. Não, não estava seco nem sabia a môfo. Foi um bolo-rei que tinha muitas nozes e avelãs. Era como aquela invenção a que chamaram bolo-rainha, que é um bolo só com frutos secos, mas a que juntaram ainda as famosas frutas cristalizadas que caracterizam o bolo-rei. Ora, o bolo-rei que se preza não pode saber a bolo-rainha. Para mim, acho que o que comi foi um bolo-gay.

JP+P

domingo, 5 de janeiro de 2014

MAS QUE CENA...

Eh pá, as piadinhas e torradinhas contribuem decisivamente para o engrandecimento cultural... eu que só conhecia a Cena do Ódio de ouvir na Antena 1 (link para este programa de culto - dá para ouvir as emissões temáticas), descubro aqui, pela Mão de in EU, esta obra literária (link para o texto completo, roubado com boas intenções do Porto de Abrigo).

JP+P

sábado, 4 de janeiro de 2014

Margem Sul Negreiros

(…)

Eu creio na transmigração das almas
por isto de Eu viver aqui em Portugal.
Mas eu não me lembro o mal que fiz
durante o Meu avatar de burguês.
Oh! Se eu soubesse que o Inferno
não era como os padres mo diziam:
uma fornalha de nunca se morrer...
mas sim um Jardim da Europa
à beira-mar plantado...
Eu teria tido certamente mais juízo,
teria sido até o mártir São Sebastião!
E inda há quem faça propaganda disto:
a pátria onde Camões morreu de fome
e onde todos enchem a barriga de Camões!
Se ao menos isto tudo se passasse
numa Terra de mulheres bonitas!
Mas as mulheres portuguesas
são a minha impotência!
 
(…)




josé de almada negreiros
excerto de “a cena do ódio”