quinta-feira, 24 de março de 2011

liberdade

Pela sanita do 7º andar tinham já descido: a ilusão de uma gorda, a falsidade de uma morena, as lágrimas de uma loura, o dedo indicador direito de uma magra estrábica, dois preservativos usados, um roto, um anel de noivado e toda a merda de 3 anos de aluguer.

Nem Daniel era socialista, nem o seu cão gostava de leite. A televisão mostrava guerra ao ligar e, num clique, umas mamas mais nojentas do que o contentor do lixo, há 3 dias por despejar.

O dia afigurava-se-lhe difícil: era preciso votar, ou assim julgava.

Olga esperava-o e ele rezava para que ela fosse vestida de escafandro.

Entraram no café sob olhares gulosos dos bolos da montra e olhares apetecíveis dos homens velhos, que os novos estavam sobre os telemóveis, fixos nas calças de Olga. Se eles soubessem o que as calças escondiam, pensou Daniel, pagavam-me a bica.

Ao ver o boletim de voto lembrou-se da sanita do 7º andar, de Olga, da gorda, da morena, da loura, da magra estrábica, dos dois preservativos usados, um roto, do anel de noivado, de toda a merda de 3 anos de aluguer e desenhou um grande pénis de baleia azul.


made in eu

Sem comentários: