Zé e João viviam juntos, uma existência pacífica num ilhéu no Atlântico. Juntos viviam e não morriam de amores por tanta estupidez neste mundo, tanta falta de solidariedade, tanta discriminação.
À crise financeira global responderam com um simples encolher de ombros, ao ver os ignóbeis gordos a ajudarem os gordos ignóbeis, pois que se espera de gente que professa a religião cristã, como um meio de ajudar os pobres a suportarem o sofrimento, senão que se ajudem uns aos outros a engordarem-se mutuamente, como sendo os nobres das nações, em atitudes que provocam naúseas a quem percebe estas ajudas. Um encolher de ombros por verem que nesta situação de crise poucos foram os que em vez de rezarem, ou de beberem mais uma garrafa, ou de irem ao futebol, ou de irem passar uma semana a Cuba, ou de irem comprar uma hipopotama para ajudar pessoas necessitadas, se aperceberam que esta crise dos gordos não tem importância nenhuma para todos os magros do mundo, que sendo sempre mais do que os gordos, acabam por ser sempre estupidamente crentes, e por isso nunca são a maioria, sendo em maior número. Divididos para serem bem reinados.
João e Zé também gostavam de andar de mão dada nas ruas, de passear e de se deleitarem com a beleza deste mundo, mas pode verdadeiramente ser belo o mundo, povoado por tanta gente horrível, de um lado os gordos gordos, do outro os magros, aos milhares, como manadas de crentes que pisam o verde e esmagam a esperança?
Zé e João não desesperam, mas esperam realmente por dias melhores. E não esperam sentados, apoiados no seu crer de que só em movimentos se pode aguardar uma mudança neste mundo.
Zé muitas vezes lhe diz a ela: - Maria João, tem cuidado, porque cada vez menos as aparências enganam, mas também com a verdade se enganam os tolos, principalmente se acompanhada em evento gourmet com papas e bolos.
Ela sabe-o bem e diz-lhe a ele: - Zé Paulo, tu tem também cuidado com o que escreves, pois nunca se sabe o futuro e a nossa liberdade de hoje pode ser a base de uma prisão amanhã. Pia, mas pia baixinho!
JP+P
quarta-feira, 10 de dezembro de 2008
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1 comentário:
“A nossa liberdade de hoje pode ser a base de uma prisão amanhã”.
A não ser que cortem radicalmente as verbas aos serviços prisionais, com os magros a ganharem terreno tão abruptamente, eu quase acredito que as prisões de hoje serão, se não a nossa liberdade, o nosso prato de sopa, amanhã.
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