Fim de tarde na zona mais central de Aveiro, espaço comercial ao lado de um canal, com pontes por cima do canal.
Estou sentado e viro as costas ao Sol, na minha frente está uma das pontes, que eu vejo de um lado ao outro curvando-se sobre o canal que se espraia à minha frente passando por baixo da ponte. Vem um turista a consultar um mapa e na parte em que a ponte desce ele não repara que a ponte ali tem uns pequenos degraus e quase cai, mas equilibra-se a tempo. E olha imediatamente para trás, como que a ver se alguém o viu quase a cair. Mas quem vem atrás é a sua companheira, que vem agarrada a um telemóvel a escrever sms. Ele pára, eu penso logo que ele lhe vai dizer para ter atenção, mas nada, ele está um pouco mais à frente e finge-se distraído, olhando por sobre o ombro, até que ela avança e quase que também cai. Mas não cai e continua a olhar fixamente para o telemóvel.
Quer-me parecer que o gajo já estava um bocadinho cansado da atenção que ela estava a dar ao telemóvel e pensou: se eu me desequilibrei, pode ser que ela caia e o telemóvel se afogue de vez!
Mas não teve essa sorte!
Finais de Julho, 2011
JP+P
2 comentários:
Acho que não estás a entender bem a mente do gajo, e escreveste "o telemóvel" a mais. Permite-me a correção: "se eu me desequilibrei, pode ser que ela cai e se afogue de vez!" Bem mais realista, não te parece?
Acho que não, era um casal novinho, e se ela morresse afogada ele depois não poderia passar o resto das férias a gozar com ela. Na nossa geração já não esperamos que elas morram para ficarmos livres. A não ser que outros valores mais altos se levantem, nesta sociedade dominada pelo lucro.
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