quarta-feira, 3 de setembro de 2008

a preto e branco

Nada havia de genético na deformação de Zeferino. Tinha sido acidente. O corte fora directo até 2 cm abaixo da glande. A partir daí, como uma pétala, casca de banana ou asas de frango, a glande abria e acompanhava os dois grandes lábios como se estivessem a fazer amor entre só eles. O resto dos dois corpos faziam outra coisa em nada parecida.
Toda a freguesia de Santa Leocádia de Geraz de Lima sabia de Zeferino. Até Moisés, o angolano mais minhoto de Viana do Castelo.
Numa noite, no café, Zeferino, sentado à mesa, sempre tentanto atrair a atenção dos demais com temas persuasivos, disse que tinha usado shampoo para pontas espigadas, que a sua mulher havia comprado, ou a cabeleireira lhe havia vendido.
- Shampoo para pontas espigadas? – exclama com riso, Moisés, num português arrastado e quase parando a cada sílaba – Para pontas espigadas? Só se for para usares no teu picha.
A bandeiras despegadas foi como todo o café riu. Com ele riram também Zeferino e Moisés. O preto, a pensar que era pela sua graçola. O branco, acreditando que era do género, trocado pelo angolano.


made in eu

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