Os talibãs ganharam a guerra contra os soviéticos. Uns anos antes, os vietcongs ganharam a guerra contra os americanos. Nem os talibãs, nem os vietcongs eram mais fortes do que o inimigo.
O FC Porto é os talibãs e os vietcongs do futebol português. Ganha mas sabe que o adversário é maior. E festeja, como festejaram os vencedores. No Vietname, com arroz comido à mão e no Afeganistão, com tiros para o ar nas poeirentas ruas de Kabul.
Os derrotados bateram em retirada. Os coitados dos soviéticos, humilhados, voltaram para as suas russas e para Moscovo, limpa, civilizada e magnífica. Os americanos foram chorar as mágoas para Times Square. Pobrezitos, no meio de Nova Iorque, sem estradas de terra, sem afegãs de burka; apenas americanas, bonitas e modernas.
Ninguém quer trocar Moscovo por Hanói e muito menos Nova Iorque por Kabul.
Nós, benfiquistas, perdedores, não invejamos os que ganham. Limitamo-nos a sorrir nas nossas ruas, grandes e luminosas.
É assim aqui também; o FC Porto ganha e festeja, mas é uma festa de raiva e inveja. Inveja do perdedor. Porque tal como os afegãos e os vietcongs, sabe que o inimigo é melhor.
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