Ponto prévio: graças à colaboração dos vários bandalhos que aqui escrevem, estamos já quase nas 100 piadinhas e torradinhas. Acho que vamos comemorar o nº 100, ainda não pensei foi no como, mas uma "bebadêra de caixão à cova" virtual e simultânea era capaz de ser uma boa ideia (pelo menos era barata!!!)
Na sequência do texto anterior, para não abandalhar isto, vou ripostar com outro texto de reflexão. Na sexta-feira passada fui a Proença-a-Velha participar na festa popular de Verão. O ponto alto daquele dia era a presença da Ti Maria da Peida, algo que eu desconhecia, mas que segundo fontes da população local já apareceu no programa do Herman.
Depois de um baile abrilhantado pelo conjunto "4ª Audição", que até nem esteve mal, e de mais um insuportável leilão de fruta e tortas, a reverter para a Comissão de Festas, ouve-se uma voz que anuncia que vai ter início um espectáculo com a Ti Maria da Peida, e que esta personagem é uma senhora de quase 80 anos, razão pela qual o apresentador pede a compreensão e o repeito do povo ali presente, que se junta e se cala, e procura a melhor posição para observar o que se vai passar no palco. Estava uma boa enchente, mas ainda cabiam lá muitas mais pessoas, pois o recinto era bastante largo. O apresentador sai e quando todos olhavam para o palco, começa a ouvir-se uma voz, de uma senhora a pedir licença para passar e de lá de trás do povo todo, a caminhar em direcção ao palco, surge uma figura alta, toda vestida de preto, com uma carga de ramos de eucalipto à cabeça. Sempre a caminhar e a falar, tipo de coisas a falar do cansaço e da carga pesada, lá sobe ao palco e pede a participação de um popular para ajudar a tirar os ramos da cabeça. Lá vai a primeira ajuda para o espectáculo! Que até aí não tinha tido nada de espectáculo (nem viria a ter...). Depois começa a contar a história da vida dela, filha do Zé Peido, etc, coisas assim do género, aquela malta toda a rir. Ah, faltava dizer que a Ti Maria da Peida é um travesti, relativamente bem caracterizado, daí a sua altura fora do comum numa mulher de 80 anos vinda de uma aldeia do interior. Lá pergunta ao ajudante voluntário como se chama e corre com ele do palco. Depois apresenta as suas filhas, primeiro a Peidolas, que vem a correr de trás do palco em trajes menores, sendo uma mulher gorda, muito gorda, o que faz aquele povo rir convulsivamente. Nesta altura já alguns de nós estávamos irrequietos e irritados, mas enfim, íamos esperar para ver. Depois a Peidocas, outra mulher ainda mais gorda, com a mesma vestimenta, ou falta dela, a bem dizer! Depois das gargalhadas pelas figuras patéticas, o povinho foi brindado com mais uma cena de participação voluntária, em que as três mulheres da familia descem do palco e a Ti Maria da Peida vai dizendo ao microfone que gostaria muito de desencalhar as suas filhas naquela bonita terra de Proença-a-Nova, ai desculpem, Proença-a-Velha, porque é que fazem tantas Proenças? etc, etc, enquanto começa uma música em playback e a Ti Maria da Peida agarra em dois espectadores e os obriga a dançar um pouco com as filhas. Como depois não querem casar com as filhas as mesmas sobem ao palco e desaparecem lá para trás. Surge depois o marido da Ti Maria, que era o apresentador mas vestido de polícia, com um bigode. Lá vêm aquelas conversas da treta, sem piada nenhuma, mas a desfazer na virilidade e autoridade do polícia, pois claro, para a malta se rir. Lá começam depois a cantar uma música em playback. Depois é pedida a participação do público, sobem mais dois espectadores ao palco, devidamente alcoolizados, desta vez foi para a música seguinte, em que a Ti Maria da Peida vai precisar de um baloiço, que está preso na estrutura do palco que segura os holofotes, mesmo à frente do palco. Soltam o playback, mas o gajo que devia soltar o baloiço não estava lá, e a própria Ti Maria vai lá tentar soltar o baloiço, que estava preso lateralmente na mesma estrutura, dizendo algo como: bom aqui vou eu soltar isto, não devia ser eu a fazê-lo, tenta subir mas com o microfone na mão e com aquela roupa não consegue, desiste e lá vem o ajudante a correr fazer o que devia ter feito antes. Que falta de nível em tudo, até ao momento nem uma piada, nada de jeito. Lá se senta no baloiço, empurrada pelos voluntários, depois obriga os voluntários a baloiçar um pouco, chega ao fim a música. Depois entra em palco uma anã, aqui tive que me pôr em bicos de pés para conseguir ver o palco entre as cabeças das pessoas, que se riam e eu ouvia uma voz diferente, não percebia de que se riam as pessoas. Mais um texto sem piada nenhuma, a anã sai do palco, a Ti Maria da Peida desce do palco à procura de novas vítimas. A malta já foge, mas ela lá consegue apanhar alguns e manda-os para o palco. Lá em cima diz-lhes para tirarem as calças, ficando em cuecas, há um que se recusa, manda-o sair do palco, assim já não faz falta. Mais umas piadas acerca de cuecas de homem, sem piada, pois claro, e mais um playback musical. Depois lá se vestem as vítimas, sempre muito divertidas pelos 5 minutos de glória em cuecas, e voltam as gordas para mais umas graçolas sem jeito, voltam a sair e vem a Ti Maria da Peida para mais uma descida do palco, entre os espectadores, desta vez para andar a correr atrás das pessoas que fugiam, para as agarrar, colocar o microfone no traseiro e ouvir-se um estrondoso peido, que ia variando, para a Ti Maria ir comentando. Uma das vítimas, como que percebendo que aquela gente tinha sido paga para fazer um espectáculo e afinal aquilo não era nada, ainda disse: não me paga pela minha colaboração? Pois bem, não posso contar mais detalhes porque nem estava a prestar atenção e muito menos a memorizar tal tristeza. Começou outro playback e viemos embora. Que final de noite mais mal aproveitada. Lá ficou o recinto com as pessoas todas, a rirem, nenhuma se vinha embora. Aquilo é o que se pode chamar de ganhar dinheiro fácil sem ter trabalho nenhum, à custa da parolice das pessoas e ainda gozando com elas, mas com uma falta de tudo o que se esperaria num verdadeiro espectáculo que era espantosa. O mal é contratarem estes oportunistas sem graça ou é a malta rir-se e ainda aplaudir no fim?
JP+P
terça-feira, 22 de agosto de 2006
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4 comentários:
sem dúvida que é um atentado á inteligência de um comum mortal, mas este país existe e se visitares o portal pimba verás que é um outro mundo.
Quase ninguém ultrapassa a sua fase anal, no dizer de Freud. Se gostassem tanto de peida como eu, não perderiam 2 segundos a ver a tristeza, porque (tris)tesa é coisa que peida não me dá.
o mal é contratarem essa gentalha precisamente porque a malta se ri.
Como dizia um glorioso membro do Partido Comunista Português (pelos menos diziam que era):
TUDO PELO POVO. NADA COM O POVO.
muito bem dizido e quem não gosta que vá levar na Ti Maria...
Peida é fixe... Ti não!
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